AGRO-TURISMO DA QUINTA DO ABADE

 

Vila Real, 2014-2015

O projecto refere-se a uma quinta localizada na Região Demarcada do Douro e próxima da cidade de Vila Real. A propriedade situa-se junto às ligações viárias mais importantes da zona e tem um forte potencial paisagístico – abarcando nas suas vistas as Serras do Marão, do Alvão e a cidade – bem como boas condições para a produção agrícola, nomeadamente de viticultura.

Um plano geral é assim definido para o conjunto da propriedade, localizando e qualificando os seus principais activos, como as vinhas, a mata e as zonas de pomar e horta. Para além das áreas naturais, o outro elemento mais relevante é a casa existente, datada do século XVIII e cuja reabilitação e extensão é requerida. Neste edifício é montado um pequeno equipamento turístico que pretende potenciar a continuidade das actividades agrícolas da quinta.

A proposta distribui os espaços de apoio agrícola pelas edificações mais periféricas do conjunto. A casa principal, ao centro, é destinada ao equipamento hoteleiro. O programa inclui uma área de recepção, uma sala comum com lareira, cozinha, sete quartos duplos, uma pequena capela, e áreas técnicas e de serviço. A proposta mantém a fachada poente, sendo a atitude geral para com o edifício a de restaurá-lo na sua qualidade material original – reparando o seu telhado, paredes rebocadas exteriores e molduras graníticas dos vãos – ao mesmo tempo que se melhora onde necessário e equipando-o com comodidades actualizadas.

Dados os constrangimentos do edifício existente, tem de ser concebida uma extensão. Esta ala é colocada ao longo da fachada nascente da casa original, que ao longo dos anos havia sido desvirtuada com anexos muito heterógeneos (a demolir). Os seus principais volumes (quartos e capela) agarram-se ao corredor axial adjacente, definindo uma zona de entrada no seu extremo norte. A imagem do novo edifício procura não ganhar proeminência, mesmo assumindo um carácter contemporâneo. Este equilíbrio também surge nos materiais: as paredes exteriores são em xisto típico da região enquanto as janelas e portadas são em madeira e ferro, e no topo a cobertura é de zinco.

Os arranjos exteriores procuram responder às necessidades práticas mas também criar um cenário ajardinado para o edifício. O parque de estacionamento, envolvido por um bosque por trás do edifício mais a norte, evita que os carros desfigurem o pano de fundo rural. Para poente do equipamento turístico, um longo terraço, acompanhado de piscina e relvado, vira-se para as vistas das vinhas e das montanhas envolventes.

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