'AARCHUS'

NOVA ESCOLA DE ARQUITECTURA DE AARHUS

 

Aarhus, Dinamarca, 2016

 

Concurso internacional

Com Luís Soares e Paulo dos Sousa

 

Proposta finalista

A proposta estabelece uma relação de forma e escala com a cidade envolvente. A posição e o esquema planimétrico da Nova Escola de Arquitectura relaciona-se directamente com o Godsbanen, e permite-lhe actuar como uma barreira acústica para os quarteirões residenciais no noroeste, onde os rés-do-chão são ocupados com lojas e serviços. As ciclovias e passeios pedonais misturam-se com o trânsito rodoviário condicionado, os terrenos verdes com os passeios, com árvores e mobiliário urbano disseminados pela área. O edifício da Escola tem um esquema funcional simples: duas ‘caixas’ longas e paralelas estendem-se ao longo do mais importante eixo da zona, ligadas por um espaço central comum que unifica o complexo. Isto cria dois espaços exteriores principais: a praça aumentada em frente ao Godsbanen, entrada urbana da escola; e o pátio sul, abrindo para a ‘faixa verde’ vizinha e albergando o edifício ferroviário preservado, agora habitação e estúdio.

O espaço central comum é um grande átrio multifuncional que funciona como recepção e ponto de encontro da Escola, alojando ainda outros usos públicos, como a cozinha cívica, espaço de exposições e loja. As duas ‘alas’ longas contêm a maior parte da área lectiva. A ala noroeste, maior, inclui a maior parte das zonas de estudo e trabalho dos programas PhD e BA/MA, bem como salas de projecto e de reunião, e de interface para estágios, parceiros e relações internacionais. Funções mais específicas como gabinetes académicos ou admnistrativos, alojamento, ou a biblioteca, podem surgir num segundo e terceiro piso. No piso -1 existe também uma área técnica e de estacionamento. A ala sudeste conterá os restantes estúdios BA/MA e um auditório, bem como os laboratórios e oficinas de utilização mais ‘pesada’, e respectivos espaços de apoio.

É nestas naves quase ‘industriais’ (de amplo tecto translúcido) que assenta o conceito espacial essencial, com enfâse na flexibilidade e escalabilidade. A partir do chão, um espaço contínuo de pé-direito alto alberga as actividades laborais e lectivas, usando mobiliário variado e/ou compartimentação flexível. É flanqueado por salas de menor pé-direito que podem ser divididas e abertas ou encerradas livremente, permitindo espaços comunitários ou alternativas mais privadas. Sobre estes flancos situam-se um ou dois mezzaninos, onde podem ser colocadas múltiplas ‘caixas’ de tamanho variável – aumentando (ou reduzindo) a área disponível consoante as necessidades da faculdade. Algumas destas cabinas poderão até ser pensadas e/ou construídas pelos próprios alunos. Os pontos fixos dos acessos verticais, bem como alguns sanitários e armazéns, proporcionam a estrutura em volta da qual as outras funções se conciliam.

Prevê-se uma materialidade directa para o edifício. No exterior, uma fachada dupla semi-transparente providencia um meio de controlar as aberturas e transmite uma textura visual marcante e coerente a todo o conjunto. No interior, estrutura e infraestrutura são claras e fazem parte da expressão do edifício, com a abrangente cobertura trelissada e a iluminação e AVAC aparentes. A maior parte das soluções de compartimentação são flexíveis, com painéis ou janelas deslizantes, e no piso principal deverá ser usado um pavimento durável de cariz industrial. Um esquema de cores claro e uniforme garantirá uma atmosfera coerente e bem iluminada ao longo de todo o edifício. Esta abordagem pragmática ao acabamento permite uma maior disciplina no que toca aos custos de construção. Caso a escola necessite de áreas adicionais, um maior controlo orçamental pode ser atingido pelo uso do conceito das ‘caixas de ampliação’, evitando a exigência de construir novos edifícios.

O edifício tira partido da faixa verde adjacente, encaminhando as águas da chuva para aquela zona ajardinada através de uma conduta subterrânea seguindo ao longo da via férrea desactivada (agora um percurso pedonal). Nesta frente sul, solarenga e agradável, própria para actividades ao ar livre, o exterior da escola estende a superfície natural, com áreas de jardim entre as construções e uma vasta paisagem verde enquadrando os volumes edificados, juntamente com uma cobertura vegetal.

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